Agulha é a palavra hoje. Existem vários tipos de agulhas, que variam de acordo com sua utilidade; de tricô, de crochê, de costura, cirúrgica, de injeção... e muitas outras. A história da Bela Adormecida, conta que ela foi mandada para a floresta para que não pudesse ser furada por uma agulha. Na bíblia, diz que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do um rico entrar no reino do céu. Toda vez que eu penso ou pego numa agulha de costurar, lembro de um texto de Machado de Assis que foi escrito em 1885, mas é muito atual. Talvez por me identificar coma a agulha do texto , rsrsr . Para quem não se recorda ou nunca leu, ei-lo, no link, http://www.releituras.com/machadodeassis_apologo.asp O que impressiona é que uma pecinha tão pequenina possa amedrontar as pessoas. Eu já vi muito marmanjo com medo, como elefantes tem medo de rato. Uma vez, num bloco cirúrgico que eu trabalhei , ouvi um choro soluçado, sentido, desses teimosos, que teimam em deixar o sofrimento da gente mais latente do que é. Fui ver o que era, achei um homem grande, parecia um gigante, tanto em largura quanto na altura, devia ter quase uns 40 anos. Era paciente da ortopedia, membros inferiores. O homem, estava num estado emocional de dar dó. Implorava a todos para que não dessem a anestesia. E chorava como um bebezinho, seria cômico se não fosse trágico, um homenzarrão daqueles, ter medo de agulha. Fato é que agulha é uma coisa necessária. A máquina de costura não costura sem agulha.Com todo tecnologia que o mundo tem, ainda não inventaram algo que de maneira eficaz substitua a agulha, seja nos ateliês de costura ou na medicina. A gente precisa de agulha, o mundo precisa de agulha. Quer seja cosendo, tecendo , prevenindo doenças ou salvando vidas, a agulha é primordial. Tem gente, que é como a agulha, pequenina, brilhante, necessária, passam pela vida da gente, fazem diferença e a gente quase não dá atenção. Estão lá, presentes, abrindo caminho, cobrindo nossa nudez, dando suporte, estruturando a vida. Tem gente que nasce para ser agulha na vida, não acham ruim, simplesmente fazem o que vieram para fazer são pouco reconhecidas, quase nunca percebidas. Na vida, a gente tem que tomar consciência do que é e do quer ser.Não sei da vida dos outros, mal consigo tomar conta da minha, rsrr. Sei, que me identifico muito com o texto do Machado, já abri caminho para muita linha ordinária, rsrsr. Abri e não me arrependo, não fico choramingando se não for ao baile, não fico triste dentro da caixa de costura. Aliás, olho o trabalho feito, e curto a sensação de missão cumprida, não ligo se não sou percebida, reconhecida. O trabalho terminado, o resultado de tanto esforço é a minha paga .Nessa minha vida de agulha, aprendi que a vida é muito curta e cada momento fora da caixa, é momento de trabalho árduo, digno, necessário. Cada trabalho pronto tem um pouco de mim em sua essência, em cada ponto. Ser agulha é saber que a caixinha de costura é boa, assim como comidinha quente, caminha fofa, a casa da gente. Sair da caixinha é bom, mas, é ótimo ter um lugar para voltar. Ter vida de agulha não é fácil... Mesmo no palheiro, tem gente que me atrai como imã, sempre me encontram sempre me dão o prazer de servir .Há quem ache que eu estou errada, que eu deveria mudar, pensar um pouco mais em mim. Eu penso, mas, quando vejo, já estou envolvida nas costuras, rsrs, abrindo caminho rsrsr. Quer saber? Eu não sei ser nada diferente, só sei ser eu, tentando sempre melhorar, tentando ser melhor como gente rsrs. O mais importante é que faço o que tem que ser feito, e é esse o meu jeito, sei do meu valor , isso independe do que os outros façam ou digam. Talvez, um dia eu mude, mas, hoje, agora, vivo essa vida de agulha, abrindo caminho, sem sair da linha, rsrsr , eu gosto disso quando olho para mim... A minha vida até que é bacaninha, rsrsr, Sou uma agulhinha e da que é feliz rsrsr. Viva a vida !!
